
O lockdown, a forma mais restrita de isolamento social para
frear a propagação do novo coronavírus, é um caminho para o fracasso e irá
transformar o Brasil em um país de miseráveis, disse o presidente Jair
Bolsonaro nesta quinta-feira, ao fazer um apelo aos governadores para que desistam
da medida.
“Essa história de lockdown, ‘vamos fechar tudo’, não é esse
o caminho. Esse é o caminho do fracasso, de quebrar o Brasil. Governador,
prefeito, que porventura entrou nessa onda lá atrás, faça como eu já fiz
algumas vezes na minha vida, se desculpa e faça a coisa certa”, disse o
presidente ao deixar o Palácio da Alvorada.
Pelo menos três zonas metropolitanas —São Luís (MA), Belém
(PA) e Fortaleza (CE)— já estão em lockdown. Nesta quinta-feira, o Ministério
Público do Rio de Janeiro recomendou ao Estado e à prefeitura da capital
fluminense a adoção de medidas de isolamento mais restritas, como o lockdown,
enquanto Manaus e Rio de Janeiro já apontam a possibilidade de também endurecer
as medidas de distanciamento ante o avanço da Covid-19.
Bolsonaro é crítico das medidas de isolamento desde o
princípio e entrou em guerra com os governadores que determinaram as medidas de
fechamento de comércio e serviços. Essa também foi sua principal divergência
com o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que acabou demitido.
O presidente tem tentado burlar as determinações dos governadores
aumentando o número de atividades consideradas essenciais por decreto, mas as
alterações —a última foi para incluir academias e salões de beleza— têm sido
ignoradas pelos governadores, uma vez que o Supremo Tribunal Federal determinou
que são os Estados que têm poder de decisão sobre o assunto.
“O Brasil está quebrando. E depois de quebrar, não é como
alguns dizem, “ah, a economia recupera”. Não recupera. Vamos ser fadados a
viver em um país de miseráveis, como tem alguns países da África sub-saariana.
Nós temos que ter coragem de enfrentar o vírus. Está morrendo gente? Está.
Lamento? Lamento, lamento. Mas vai morrer muito, muito, mas muito mais se a
economia continuar sendo destroçada por essas medidas”, afirmou o presidente.
“Tem que reabrir ou nós vamos morrer de fome, a fome mata. É
um apelo que eu faço aos governadores, que revejam essa política. Eu estou
pronto para conversar”, acrescentou.
Bolsonaro disse ainda que “vai faltar dinheiro para pagar
servidores”, e que grupos que imaginam receber aumentos ainda este ano não
terão condições. O presidente planeja vetar, a pedido da equipe econômica,
parte do pacote de ajuda aos estados que liberava o reajuste para servidores de
algumas áreas, entre elas saúde e segurança, nos próximos dois anos.
Ainda assim, atendeu um pedido do governador do Distrito
Federal, Ibaneis Rocha (MDB), para, antes do veto, esperar a aprovação pelo
Congresso do reajuste para policiais civis, militares e bombeiros —que são
pagos pela União-, o que foi feito.
De acordo com dados divulgados na quarta-feira pelo
Ministério da Saúde, existem no Brasil 188.974 casos confirmados de Covid-19,
doença respiratória provocada pelo novo coronavírus, com 13.149 mortes.
*REUTERS
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